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quinta-feira, 21 de junho de 2012

VISÃO ESTREITA



Estamos continuamente nos apegando a crenças e criando divisões artificiais. Nós decidimos que algumas coisas são invariavelmente boas e outras não são. Esse apego de conceitos é baseado na hipótese de permanência. Mesmo que os fenômenos estejam em constante mutação, a mente projeta uma imagem fixa e agarra-a, atribuindo certa forma a todas as coisas o tempo todo. Ao ver o mundo como gostaríamos que fosse a imagem que surge é um reflexo do nosso autocentramento. É como se estivéssemos sufocados em um casulo apertado. Preso por todas essas imagens, ignoramos as oportunidades para nos lançar no caminho que nos leva a liberação.
Quando queremos mudar a nossa posição, não há espaço, então nós sofremos, passamos um pouco de lado arranhando a parede, e isso é bem desconfortável. Sofremos em todos os lugares por que os nossos movimentos são negados. Este é o efeito do autocentramento e nos apegamos ao corpo e a mente. Criamos um espaço pequeno e apertado para nós e os outros e assim retemos a compaixão e o amor. Autocentrados e apegados no pensamento dualista ficamos estreitos e tensos de modo que naturalmente comunicamos essas qualidades aos outros. 

 - KHENCHEN PALDEN SHERAB RINPOCHE (1938 - 2010) - comentário feito ao terma revelado por Karma Lingpa sobre os Seis Bardos.