...a jornada espiritual pode ser muito complicada. Ela pode começar com
grande potência, energia, intelecto, ceticismo, curiosidade, mas, pode vir a
resultar em nada mais do que uma espécie de religião baseada completamente na
fé cega. Esse é o principal perigo para o praticante budista. É fácil cair
nessa armadilha, sem realmente nem perceber. Achamos que estamos sendo muito
céticos e inquisidores. Então, de repente, encontramo-nos dentro da tradição
totalmente cegos e presos em algum dogma religioso. Encontramo-nos no meio de
uma grande escuridão, ainda caminhando, mas sem saber para onde estamos indo.
Existe
uma tremenda necessidade de refletir inúmeras vezes sobre a direção do nosso
caminho espiritual. Qual é a razão de estarmos aqui? O que é a motivação básica
que nos trouxe a este caminho? É um interesse genuíno no despertar, na iluminação,
na liberdade? Ou temos outras razões? Cada um de nós agora então teria que lembrar do nosso
propósito e motivação. Temos que voltar para as perguntas mais básicas: eu
quero realmente atingir a iluminação? Estou realmente disposto a conseguir
isso? Não é uma questão de como é difícil ou quanto tempo se precisa para se
tornar iluminado. A questão é: será que eu realmente quero acordar deste sonho?
A
partir da perspectiva do Mahamudra e ensinamentos Dzogchen, podemos acordar
agora. Quando acordamos do nosso confuso estado de sonolência isso é a
iluminação. Não há nenhuma diferença entre este momento e iluminação. A
natureza de nossa mente está completamente desperta desde o início, e este
estado desperto não é nada que não seja a nossa experiência comum de emoções,
pensamentos e percepções.
DZOGCHEN PONLOP RINPOCHE ( 1965 - ) - www.dpr.info - Extraído do livro Wild Awakening: The Heart of Mahamudra and Dzogchen